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05/08/2014

Cecor participa do I Encontro Regional de Mulheres Quilombolas: Identidade e Negritude










 Por Kátia Gonçalves

No Brasil existem mais de duas mil comunidades quilombolas reconhecidas oficialmente pelo Estado Brasileiro. Mais da metade estão localizadas no Nordeste. Segundo informação da Secretaria de Igualdade Racial de Serra Talhada, o município possui 15 comunidades consideradas como remanescentes de quilombos. A primeira comunidade certificada foi a “Ponta da Serra” a segunda foi a comunidade Quilombola do Catolé dos Índios Pretos, localizada a 31km da sede.

Desde o marco histórico para as 90 famílias que moram na comunidade, que aconteceu dia 07 de junho de 2014, a realidade local se transformou de cinza para o verde da esperança, da liberdade de expressão, de dias melhores. A prova dessa mudança foi à realização do I Encontro Regional de Mulheres Quilombolas: Identidade e Negritude, que aconteceu sábado (02), na comunidade com a participação do Centro de Educação Comunitária Rural-Cecor. 

De acordo com a idealizadora do encontro, a secretária municipal da mulher, Tatiane Tavares Sousa Duarte, o intuito foi provocar um momento para o fortalecimento das mulheres quilombolas no protagonismo de sua cidadania e dos direitos humanos, possibilitando-as compartilhar histórias e trocarem experiências estimulando a participação de forma coletiva e democrática para transformação de uma sociedade racista, machista e patriarcal.

Das 08h às 17h, os envolvidos trocaram experiências entre os quilombos, através da mesa redonda que trouxe como tema: As várias faces das Mulheres Negras. Além disso, houve um resgate histórico da vida social, cultural e política dos participantes, por meio da linha do tempo, coordenada pelo historiador, Diego Ferreira. Os amantes da arte puderam curtir também uma exposição de artefatos culturais quilombolas, performances artísticas e culturais.  

A partir do momento em que se trava um contato com as dificuldades, lutas e conquistas de qualquer grupo que se organiza e traz uma pauta especifica que une a linha da discursão do reconhecimento dos direitos pela emancipação, participação e empoderamento da mulher e, por outro lado, o reconhecimento da cultura do povo afro brasileiro, nos faz reconhecer e conhecer as nossas diversidades. “Avançar no reconhecimento de diversas contribuições para que as próprias comunidades possam se identificar como parte de uma continuidade histórica é muito importante. É algo que precisa avançar bastante, principalmente na nossa região”, explanou o promotor de justiça de Serra Talhada, Dr. Fabiano de Melo Pessoa.

Nena Marinho, mulher negra e mãe de cinco filhos, como se apresentou, iniciou a mesa redonda provocando uma reflexão do que é ser negro e porque as mulheres precisam ocupar os espaços de discussões políticas e quebrar a dificuldade do autoreconhecimento da cor. “Afirmar que somos negros provoca dores oriundas do racismo, preconceito e exclusão. Não é fácil, mas já somos colocadas na periferia da discussão política quando se trata de assuntos relevantes à mulher, e quando é sobre mulher negra é sempre mais difícil. Se reconhecer como mulher negra é reconhecer historicamente que somos negras, independente da cor da pele. Produzimos riquezas para o País, mas não temos acesso porque as politicas públicas precisam ser efetivadas, independente de quem esteja nos espaços políticos”, desabafou Nena Marinho do município Belo Jardim/PE.O evento foi uma realização da Secretaria Municipal da Mulher de Serra Talhada – SEMU, em parceria com a Secretaria de Igualdade Racial – SEMIR, Conselho Municipal de Direito da Mulher – CMDM, com apoio dos Organismos de Políticas para Mulheres do Sertão Central e Pajeú, Secretaria da Mulher de Pernambuco – SecMulher, e o Movimento Negro pela Igualdade Étnico-racial de Pernambuco – MONIR.

 

Conheça a comunidade:

A Comunidade do Catolé dos Índios Pretos descende de africanos e iniciou a habitação em 1910, através do negro Lúcio. Segundo Diego Ferreira, historiador e ex-coordenador de Comunidades Tradicionais da Secretaria de igualdade Racial de Serra Talhada, Lúcio veio fugido da Serra do Umã, assim como outros negros que também vieram da Serra do Arapuá, habitando a comunidade do Catolé.

A mulher mais velha da comunidade do Catolé dos Índios Pretos “Lourdes do Catolé” revelou que foram anos muito difíceis, pois os seus pais fugiram porque não aguentavam mais tanto sofrimento e dor.

Foram mais de 160 anos de luta por reconhecimento, é o que informa um descendente dos primeiros habitantes da comunidade, Adalberto Damasceno Barros, conhecido por “roxinho” de 53 anos.

 

Núcleo de Comunicação do Cecor

Juliana Lima (87) 9961 1987

Kátia Gonçalves (87) 9951 5362

Fonte: ASCOM CECOR


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