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17/03/2014

Uso do soro de leite bovino em ração concentrada diminui custos para a terminação de cordeiro






 Trabalho inédito de pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos confirma que o uso do soro de leite bovino, incluso em ração concentrada, para alimentação de cordeiros em terminação sob confinamento, diminui custos de produção. Cordeiros alimentados com ração contendo soro de leite apresentaram conversãoalimentar maior do que aqueles que ingeriram ração com grande percentual de milho e farelo de soja. A conversão alimentar mede o quanto o animal aproveitou da alimentação recebida, convertendo-a em ganho efetivo de peso.

A pesquisa foi feita com cordeiros da raça Morada Nova, durante o Teste de Desempenho realizado de outubro de 2013 a janeiro de 2014. Trinta e um animais com idade entre 4 e 6 meses, de 12 criatórios, participaram do teste que se iniciou com um período de adaptação de 15 dias. Depois disso os cordeiros passaram por uma pesagem inicial e nos 84 dias seguintes eles receberam ração composta por soro de leite bovino, feno de capim elefante, farelo de soja, milho, calcário e sal mineralizado. A cada 14 dias, os animais foram pesados e a pesagem final aconteceu no 99º dia.

No teste anterior, realizado em 2012 e 2013, os animais receberam ração formulada com feno de Tifton 85, milho, farelo de soja, óleo vegetal, ureia, fosfato bicálcico, bicarbonato de sódio, flor de enxofre, calcário e sal mineralizado.

O resultado da pesquisa comprovou que com uma dieta composta por menos ingredientes, mais baratos e fáceis de encontrar, os animais comeram menos e ganharam o mesmo percentual de peso. Constatou-se, ainda, uma diminuição nas sobras de ração, o que demonstra que o alimento ficou mais palatável (mais saboroso) para os ovinos.

De acordo com o pesquisador Marcos Cláudio Pinheiro, o gasto com alimentação animal é o que mais impacta no custo de produção na pecuária, entre 60 e 70%. Assim, os resultados obtidos com essa pesquisa são importantes porque oferecem ao produtor uma alternativa mais barata e adequada à realidade do Semiárido brasileiro. 

De acordo com o pesquisador, o soro do leite bovino geralmente é um resíduo desperdiçado pelas queijarias e laticínios, utilizado apenas por quem produz bebida láctea e ricota. O soro reúne valores nutricionais adequados à formulação de dietas para ruminantes por possuir adequados teores de proteínas, carboidratos e lipídios que constituem a fração energética da alimentação. Também supre as necessidades de minerais, particularmente cálcio e fósforo, de extrema importância para o crescimento, e de vitaminas A e E.

O pesquisador alerta que o programa nutricional não é uma receita de bolo, mas deve ser feita sob medida, considerando as exigências de nutrientes dos animais, a disponibilidade e os custos dos alimentos ao longo do ano.

Ineditismo
A pesquisa realizada pela Embrapa Caprinos e Ovinos com a utilização do soro de leite de vaca, incluso na ração concentrada, na alimentação de cordeiros em terminação é inédita. Os pesquisadores estão elaborando uma publicação com os resultados detalhados do trabalho, que será divulgada posteriormente.

Teste de Desempenho de ovinos Morada Nova
A pesquisa sobre a utilização do soro de leite foi realizada durante o 7º Teste de Desempenho de ovinos Morada Nova, coordenado pela pesquisadora Luciana Shiotsuki, cujos objetivos são selecionar animais referência para produção de carne e fornecer aos produtores subsídios para comparar seus animais com os animais de outros criadores.

Durante o teste, os cordeiros foram avaliados quanto ao ganho de peso médio diário, perímetro escrotal, área de olho de lombo e espessura de gordura. Nas avaliações visuais – feitas em conjunto com os criadores participantes – observou-se a conformação, musculosidade, tipo racial e aprumos. Ao final do processo, os animais foram classificados em inferiores, regulares, superiores e elite. Nesta edição, três cordeiros foram considerados elite e doze, superiores.

O teste faz parte do projeto “Estratégias para a conservação e o melhoramento genético de ovinos da raça Morada Nova”, que nasceu de uma demanda dos próprios criadores, preocupados com a conservação da raça que chegou a correr perigo de extinção. Na avaliação da pesquisadora Luciana Shiotsuki, as ações do projeto tem tido bons resultados como a revitalização da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos Morada Nova (ABMOVA), aprovação da Lei municipal Nº 1.597, que considera os ovinos Morada Nova patrimônio genético, histórico-cultural do município e outras, que têm impactado diretamente no aumento no número de registro da Associação de Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), reduzindo os riscos de desaparecimento da raça e aumentando a conscientização dos criadores da importância desse recurso genético no Semiárido Brasileiro.

Fonte: Embrapa Caprinos


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