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20/02/2014

"Profissional" do DNOCS chama agricultor de mentiroso no IFRN de Apodi




 O IFRN Campus de Apodi está realizando o 2º EXPOTEC e dentro da programação hoje por volta das 9 horas teve uma palestra mesa-redondo facilitada por: Emerson Fernandes Daniel Junior - diretor geral do DNOCS e Bernadete Maria Coelho Freitas da FAFIDAM-UECE, na oportunidade os mesmos expuseram sobre o tema: desafios e perspectivas do perímetro irrigado Santa Cruz na chapada do Apodi. Até que enfim, o Campus de Apodi resolveu fazer um debate de um assunto que já é debatido em outros estados e também fora do Brasil. 


A professora Bernadete iniciou apresentando os principais desafios e problemas existentes nos perímetros irrigados, principalmente, na chapada do Apodi do estado do Ceará tendo em vista que é nesses espaços onda a mesma desenvolve as suas pesquisas de doutorado. Em sua fala ficou cada vez mais evidente o descaso e a impunidade, onde os que detém a força - política, policial e econômica - é quem manda e tratoram e desrespeitam os agricultores e trabalhadores. Ao fim da exposição enfatizou a maneira erronia com que esses perímetros são instalados e apresentou a solicitação do procurador federal de paralisação das obras do que estar sendo implantado na chapada do Apodi no Rio Grande do Norte por desrespeitar, principalmente, os processos e modificações do projeto sem debater com a sociedade. 

O diretor do DNOCS, Emerson Fernandes que falou em seguida, iniciou sua fala engrandecendo o governo federal  e desqualificando a da professora ao enfatizar que os perímetros implementados pelo DNOCS não faz uso de agrotóxicos da forma que a educadora havia exposto. Esbanjou elogios, por demais, ao projeto da chapada do Apodi, assumiu que o projeto já teve varias modificações - vale salientar que as modificações lá existentes foram as que outrora haviam sido questionadas pelo movimento social organizado. Falou muito, apresentou as diversas vantagens que o projeto de irrigação da chapada do Apodi - denominado de projeto da morte - trará para os seus envolvidos e idealizadores.

Aberto para as perguntas e questionamentos dos participantes, dentre outras e fechando o primeiro bloco de perguntas um agricultor da comunidade Palmares fez o seguinte pronunciamento: "moro na comunidade Palmares, é um projeto da Força Sindical onde vivem 28 famílias assentadas. tenho um lote de 12,8 ha de onde tiro o sustento da família e produzo alimentos para os animais como, também, já cheguei a possuir mais de 100 cabeças de animais nesse lote. Essa pergunta é para todos que estão aqui: com essas potencialidades, é possível um técnico do DNCOS afirmar que essa é uma área improdutiva?" 

Ao responder aos questionamentos o diretor do DNOCS disse que não tinha compreendido o questionamento e que não tinha nenhum conhecimento de nada dessa comunidade e o agricultor repetiu o questionamento: "Essa pergunta é para todos que estão aqui: com essas potencialidades é possível um técnico do DNCOS afirmar que essa é uma área improdutiva?" e acrescentou: "temos até um boletim de ocorrência (BO), pois a empresa contratada pelo DNCS para executar as obras do perímetro invadiu lotes sem autorização, derrubou arvores, fez escavações e dizer que não tem conhecimento é um absurdo!" Nesse momento um profissional do DNOCS por nome de Bartolomeu pegou o microfone e disse: "diretor esse homem/agricultor estar mentindo, fizemos vistoria e lá não tem plantado nenhum pé de alface".  

O pronunciamento desse profissional - se é que pode receber esse nome - causou um visível mal estar entre os presentes. Ao termino do evento, já quase 13 horas, com a problemática do tema o debate foi prolongado, perguntamos para o "batalhão do DNOCS" que estava lá se o Bartolomeu não ia se desculpar com o agricultor, eles nada responderam e apressaram o passo para sair mais rápido do local. Causa indignação ver a que ponto chegou o trato com a agricultura familiar nesse País. Chega a revoltar o cinismo desses indivíduos que se apropriam daquilo que deveria ser para promover o bem comum e se auto promovem. 

Diante disso questionamos: O que vamos fazer? Vamos ficar olhando o DNOCS passar tratorando e desqualificando a fala dos agricultores num espaço público de debate e de educação? Permitir que a soberania e os direitos desse povo seja espoliada? Qual a posição dessa rede que tem como fundamento defender os direitos e a qualidade de vida dos agricultores e agricultoras no Semiárido Brasileiro Potiguar? 

Desejamos que de fato aquilo que denunciamos na Caravana Agroecológica e Cultural da Chapada do Apodi possa eclodir em todos os cantos e recantos, pois como bem sabemos, a problemática do Apodi é a mesma em muitos outros lugares, só que com nomes diferentes: eólica, bel monte, trans-nordestina, usina nuclear, terra indígena, atingidos por barragens... (a lista é infindável).

Fonte: Yure Paiva - Assessor Pedagógico/ASA Potiguar


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