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18/09/2014

Carta do Encontro Nacional de Comunicação da ASA




 “Das novas antenas chegam velhas tolices... 

A sabedoria ainda é transmitida de boca em boca” - Bertold Brecht

A Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, como um espaço de articulação política da sociedade civil organizada, nesses 15 anos de caminhada, vem contribuindo para modificar a imagem estereotipada do Semiárido - comumente associada ao gado morto e terra rachada - por uma imagem de uma região bela, forte, resiliente e cheia de potencialidades.

Essa construção só foi possível graças às experiências acumuladas na ação da rede a partir da democratização da água, do debate sobre as sementes crioulas, sobre a construção do conhecimento, valorização e empoderamento das mulheres, entre outros elementos que fortalecem a perspectiva da convivência com o Semiárido.

É inegável a importância da comunicação nesse contexto, pois ela é responsável por materializar essa imagem, fortalecendo a autoestima dos povos e populações locais, tendo como fonte de inspiração os processos de educação popular já enraizados no Semiárido e multiplicados pelo Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido: P1MC e P1+2.

Para avançar no debate de que comunicação queremos para o Semiárido, a ASA tem realizado momentos de formação, reflexão e construção coletiva de processos para o fortalecimento dessa ação. Nesse sentido, a ASA reuniu comunicadores e comunicadoras populares, assessores e assessoras técnicas, assessores e assessoras pedagógicas, coordenadores e coordenadoras das ASAs estaduais e agricultores e agricultoras no Encontro Nacional de Comunicação, entre os dias 9 e 11 de setembro de 2014, em Gravatá, Pernambuco.

Nosso Encontro teve como pano de fundo a reflexão e alinhamento da rede ASA sobre a necessidade da democratização da comunicação para fortalecer a prática da comunicação popular e comunitária. Essa é a base para a política de comunicação da ASA que está em processo de construção e que se ampara nos princípios políticos que a articulação tem assumido ao longo da sua história.

Reconhecemos e valorizamos os investimentos que a ASA tem feito no sentido de fortalecer a comunicação popular e comunitária nas bases. Os encontros de comunicação, a inclusão dos comunicadores populares nas dinâmicas dos projetos, os intercâmbios, as sistematizações, as produções radiofônicas são resultados desse movimento.

Nesse encontro Nacional de Comunicação da Asa que tem como tema: “Comunicação Popular e Comunitária no Semiárido”, reafirmamos o papel dos comunicadores e comunicadoras populares de possibilitar a apropriação do direito à comunicação pelas famílias que protagonizam uma revolução silenciosa no semiárido brasileiro.

Debatemos que os grandes meios de comunicação, concentrados nas mãos de poucos, estão a serviço de um projeto político que oprime e invisibiliza os povos do semiárido. Por isso acreditamos ser importante a democratização da comunicação, para que os povos do semiárido, com o seu modo de falar, denunciem os conflitos e opressões e anunciem as belezas, culturas e histórias vivenciadas em cada canto do semiárido brasileiro. 
A partir destas reflexões, apontamos:

- A necessidade de visibilizar as experiências de comunicação existentes nas diversas comunidades onde ASA atua, para que possam ser intercambiadas e multiplicadas por todo o território Semiárido.

- O nosso desafio é ampliar a nossa participação em espaços onde essas questões são discutidas com outros coletivos e redes, a exemplo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e dos comitês estaduais, de maneira que possamos retroalimentar o debate e pautar as especificidades do Semiárido. 

- É fundamental o maior envolvimento de todos os atores – coordenação executiva estadual, coordenadores/as de projetos, mobilizadores/as, assessores/as das capacitações, pedreiros/as, coordenadores das organizações e todos/as que constroem a ASA no debate e prática da comunicação, compreendendo a centralidade desse direito humano para o acesso aos demais. Concretamente esse entendimento se reflete no fortalecimento das políticas de convivência com as quais trabalhamos e na própria incidência política da articulação na sociedade.

- Para garantir o fluxo de informação, maior compreensão dos processos da ASA e divulgação das ações, acreditamos ser fundamental o reconhecimento do comunicador e comunicadora popular como um ator que faz parte desta construção coletiva.

- As ASAs estaduais precisam incorporar e assumir o debate da comunicação de forma mais efetiva, para além dos produtos e processos operacionais. Acreditamos que a comunicação precisa ser reconhecida como elemento fundamental na garantia de outros direitos e na construção do modelo de desenvolvimento que acreditamos para o semiárido brasileiro.

A caminhada das comunidades, dos povos do semiárido, da ASA nos seus 15 anos, nos motiva e inspira a assumir politicamente a dimensão da Comunicação como um direito humano. Democratizar a comunicação é democratizar o sentido da vida, da luta e resistência das comunidades e dos povos do semiárido. Fortalecer a comunicação é fortalecer o nosso projeto Político de Convivência com o Semiárido.

Gravatá/PE, 11 de setembro de 2014.

ASA 15 ANOS 

Ampliando a Resistencia 

Fonte: http://www.asabrasil.org.br/


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